Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, para não serdes julgados; não condeneis, para não serdes condenados; perdoai, e vos será perdoado. Dai, e vos será dado; será derramada no vosso regaço uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante, pois com a medida com que medirdes sereis medidos também... Mestre Jesus Cristo.

Seguidores dos Pretos Velhos

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domingo, 30 de março de 2014

Obrigações e Oferendas na Umbanda



Já imaginaram o que seria do mundo se toda pessoa que quisesse algo em sua vida, era só ir fazer uma oferenda a um Orixá, Guia, Santo, Exu ou Pomba-Gira, barganhar e pronto? Ou seja, era só comprar o que o Orixá ou Guia mais gostasse, porque onde eles moram não tem mercado, feira, nem casa de artigos religiosos, e por isso precisam que nós os agrademos com bebidas, comidas, charutos, velas, ou seja, coisas materiais,para poderem satisfazer nossos egos incapacitados e muitas vezes doentio. Pra que fazer vestibular? Pra que estudar muito pra ser um bom profissional? Pra que trabalhar? Pra que ser honesto? Pra quer perdoar? Pra que ter honra e honestidade? Seria legal, através de uma oferenda eu conseguir o homem ou a mulher que eu quero. Não existiram mais doenças. O campeonato de futebol não seria mais resolvido no gramado, mas sim, nas encruzilhadas. Quando eu não gostasse de alguém seria fácil: era só fazer um feitiço e essa pessoa sumiria. Dinheiro então nem se fale; era só levar uma oferenda na Natureza e no outro dia eu ganharia na loteria. Fácil né? É assim então? Se for, não preciso mais me esforçar pra nada nesse mundo, pois, é só fazer uma oferenda ou despacho e está tudo resolvido. Pra que então perdermos tempo atendendo as pessoas num Templo Umbandista, com orientações e evangelização, se nós tivessemos a certeza que basta uma oferenda ou despacho para que o problema daquela pessoa, seja qual for, fosse resolvido. É mais fácil então uma só pessoa atender a todos no Templo, colocando os problemas das pessoas em um buscador da internet; encontrando o despacho ou oferenda condizente, era só tirar uma cópia, dar na mão do consulente e mandar ele se virar pra realizar o ato que tudo estaria resolvido em sua vida. 

Devemos então jogar fora o Evangelho e achar que Jesus foi um tolo inocente por querer que todos fizessem Reforma Íntima e nos melhorássemos para sermos felizes. Jesus também foi mentiroso quando nos disse: “Eu sou o caminho, a verdade a vida; ninguém chega ao Pai a não ser através de mim”. Uma coisa é interessante: vemos todo mundo buscar Jesus para resolver os seus problemas, mas nunca vimos ninguém montar uma oferenda para Ele, a fim de conquistar os Seus favores. Por quê? Fácil: ninguém nunca ensinou ou disse que Ele facilitaria as coisas com oferendas. Com Jesus não se barganha; Jesus não se compra; Jesus se conquista; Jesus é pura doação. Seus favores somente chegam a quem merece de fato, pois entenderam o seu Santo Evangelho; mudam suas vidas. Será que com os Sagrados Orixás também não é assim? Será que para conquistar o apreço dos Orixás também não teríamos que nos reformar, nos melhorar, sermos amorosos e caridosos? Alguém (com certeza não foram Guias Espirituais da Umbanda), no passado, ensinou que para se obter favores dos Orixás bastaria agradá-los com oferendas (ou ebó). Alguém (com certeza não foram Guias Espirituais da Umbanda) ensinou que para todo problema existe uma oferenda (ou ebó) conciliatória. Atentem que nos ensinaram que para se chegar a um Orixá, deveríamos, por obrigação, realizar uma oferenda, com comidas e bebidas, senão este Orixá não se achegaria em nossas vidas. Será que é assim?

Muitos umbandistas abandonaram a religião, dizendo que cansaram de realizarem oferendas e despachos, e os Orixás nunca os ajudaram; suas vidas continuaram na mesma; nada foi resolvido; alias, piorou; gastaram o pouco que tinham.

Essa é uma tradição africana; aceita e praticada pelas religiões afro-descendentes.

A Umbanda não é afrodescendente.

 A Umbanda é crística e brasileira.

Templo da Estrela Azul – Pai Juruá

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Para que serve a Umbanda? Para que serve o umbandista?



Algumas vezes já estive por aqui escrevendo sobre Umbanda. Como se escreve sobre Umbanda, não? Como se debate a Umbanda, como se diversifica a Umbanda, como se entrecruza e astraliza a Umbanda...

Mas, já paramos para pensar nos adeptos, frequentadores e fiéis? O que pensam ser a Umbanda? Eu, como umbandista praticante me vejo plenamente envolvido com minha religião, pronto para defende-la com unhas e dentes dos ataques preconceituosos de outras ditas religiões e de pseudos pesquisadores antropológicos que só querem enfraldar mais e mais suas teses, sem ter um mínimo de noção espiritual da mesma. Diga-se de passagem, essa defesa de unhas e dentes  não adensa tanto a vibratória a ponto de partirmos para confronto físico ou de linguagem xula, mas sim com a propriedade que o estudo da minha religião me deu, onde podemos, embasados numa fé racional, debatê-la sem perdermos o rebolado.

Mas, o mais complicado é lidarmos com nossos irmãos de fé. A Umbanda não tem uma unificação... Graças a Deus, pois o que apareceriam de candidatos ao papado na Umbanda seria sem fim.

Mas, por conta disso, há um bel prazer em sua prática que foge completamente a espinha dorsal colocada como pré-requisito pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas.

Essa espinha dorsal tem apenas 5 vértebras:

 . Vestir o branco → Vemos terreiros que mais se parecem com os antigos desfiles carnavalescos no Hotel Glória, onde Clóvis Bornay e Mauro Rosa conquistaram notoriedade nas festas do Momo, com suas criações de Libélula Ensandecidos no Alvorecer ou Pierrot Deslumbrado no Arco Íris de Isis...

. Usar os elementos da Natureza → É verdade, usam-se todos os elementos da Natureza possível, mas, atuando na Natureza “dificilmente” se encontra o bom senso que nos diz para não compactuarmos para a destruição da Natureza, emporcalhando todas as ruas, praias, matas e até portas de cemitérios que, já não basta a “sombriedade” local, o povo ainda tem que conviver com pipocas e afins. Penso, como também penso referente a mim, como deve ser desagradável para um católico, budista ou judeu ter que desviar de padês monumentais nas esquinas de nossa cidade.

. Não cobrar → Faz-me rir... Pois o que mais se vê por conta disso é cobrança... E tem lugares que dizem “não cobramos consultas”, mas na hora da dita consulta o “Guia” ou Pai/Mãe de Santo aparece com uma lista de trabalho homérica, cobrando, não pela consulta, mas pela feitura do tal trabalho e... Pasmem... Muitos ainda cobram o “chão” do lugar para o trabalho. É, sublocam a Casa de Deus... Isso se Ele não se mudou, ao ver o que fizeram com seu “imóvel”. Já dizia Jesus: “Vendilhões do Templo!” Isso sem contar sobre os “Ogãs Profissionais” que cobram para “baterem” tambor em determinadas casas que, coitadas, em véspera de uma Festa importante, gostariam de ter um Ogã em sua corrente para dar mais vibração e beleza ao ritual programado. Parece que o sujeito tá cobrando cachê: “Minha apresentação é tanto...”. Pior ainda é o nome que dão a isso: salva. Salva quem? Salve-nos, Senhor!

. Não matar → Pois é... Na véspera da Festa de Exu do Cruzeiro da Luz, estava eu descendo a Grajaú-Jacarepaguá e desconfiei que havia no seu final, já em Jacarepaguá, uma granja... Mas, descendo devagar, pude perceber que as 15 a 20 supostas galinhas que estava vendo, jaziam mortinhas dentro de um big alguidar de barro, com uma purinha ou uma cidra ao lado. É, menos um punhado de galinha no mundo... Fora os bodes, cabritos, pombos e afins. Mas isso não é matança não... O nome é sacrifício... Rs... Vai rindo, sacrifício? Jesus quer Misericórdia! E se é para matar alguma coisa, que seja, como o Apóstolo Paulo nos ensina: “matar o homem velho...”, oferendando-o ao Cristo para que, imolados pelo seu Infinito Amor,“...renasçamos homens novos”! Se essa fosse a matança seria maravilhoso... Pois mataríamos, sem dó nem piedade, todas as nossas iniquidades, mazelas, mal querências, mas essas, longe ainda da extinção, preservamos no cativeiro do coração e mente, procurando criá-las “in vitro”, perpetuando as espécies para que cada vez mais nos aprisionemos à roda das encarnações.

 . Evangelizar → Nossa! Esse é o desafio primevo de todo aquele que, mesmo que não totalmente desperto, já foi tocado pelas valorosas letras do legado do Cristo. Talvez seja esse o maior embate... De todas as religiões!... E o motivo único para que estas existam, pois evangelizar é religar o homem a Deus. Portanto, a religação se dá por meio da auto-evangelização e, por conseguinte, da evangelização. Por que auto-evangelização? Por que... Quem somos nós se não nos evangelizarmos? Apenas "macumbeiros". Apenas magistas de 5ª categoria. Apenas fantasistas sem lei e sem  juízo algum, radicados na senda do fanatismo religioso e na crendice mística dos fugidios da verdade que liberta. Daí a necessidade emergente de nos evangelizarmos... De criarmos em nós a nuance do amor notável de Deus, que se perdeu no elo do mundo, pois seduzidos pela bola azul esquecemos que quem a criou, a fez por um ato de amor único e restabelecedor deste amor nos corações dos habitantes dessa bola azul. E digo mais... Que espécie de médiuns somos ou seremos sem o evengelho? “Cegos guiando cegos”. Marionetes (não dos bons espíritos) fazendo receitas mágicas e indicando trabalhos e oferendas vãs, pois sem conteúdo algum, tornando-se atos mecanizados no afã de resolução de problemas. Problemas externos, da vida, do mundo, da matéria. Pois não evangelizado jamais conseguirá mergulhar na alma daquele que o busca e oferecer-lhe ajuda verdadeira. Dará paliativos apenas, criando um elo vicioso, onde quando terminada a validade da magia o “cliente” retorna para a renovação de seus “votos petitórios”. Como evangelizar se não conhecemos Jesus ainda? Se não nos tornamos íntimos do Mestre dos Mestres e permitimos que Ele faça, primeiro em nós, o milagre do retorno à origem genética divina, expurgando, gradativamente, o gene adquirido pelo mundo? É um trabalho diário que não se dá apenas nos dias de atividades dos Templos. É cotidiano. Sendo feita essa reflexão que deve sair do papel para a vida, vem o serviço desinteressado da evangelização. Aí sim, podemos evangelizar, apresentar Jesus às pessoas, citar suas palavras e convidarmos a seguirem, junto conosco, as suas pegadas, mediante seus ensinamentos eternos. Paulo diz que “evangelizar é preciso, quer desagrade, quer desagrade...”.

 Ué? Quer desagrade? Sim, infelizmente é verdade, pois esta, a verdade, ao mesmo tempo que liberta, faz doer. Dói porque somos fugidios, nos acovardamos, nos tornamos procrastinadores (hahaha...adorei essa! Adorei as Almas!), vendo o bem que queremos (mas nos julgamos diminutos) e fazemos o mal que não queremos (com a boca cheia d’água!). E quem gosta de ouvir da boca de outro que ainda é cheio de mazelas e totalmente imperfeito, sem pieguismo? Pois é... Mas, diz um grande amigo espiritual que a verdade dói apenas uma vez... Acabada a dor, estamos libertos. Enquanto que, fugindo da verdade, optando pela mentira, estamos fugindo dessa dor do parto libertador. Mal sabemos que fugir é uma dor, e muito mais dores e sofrimentos virão pela frente, pois a mentira e a fuga se tornam vício frenético...Ou seja, vamos ao Cristo:“conhecereis a Verdade e esta vos libertará”!

É triste vermos em Centros onde o propósito é levar as pessoas a essa libertação, vermos as mesmas pessoas tentando barganhar essa libertação, fugindo, se esgueirando, desviando-se das sementes do evangélico como um Matrix sombrio... É lamentável vermos um Guia lançar suas sementes e o solo que se encontra a sua frente rachar-se, como terra árida sob o sol, dizendo: “o senhor poderia ser mais sucinto, dizer logo o meu problema...e resolve-lo!”. Nem imagino o que o Guia deva sentir e pensar, pois meus degraus ainda não chegaram aos deles, uma vez que eu bem sei, no afã da emoção de uma partida de futebol eu “gostaria” de dizer... Aliás, imagino sim... Rs... Me lembrei de Jesus pregado à cruz: “Pai, perdoa-os...eles não sabem o que fazem”!... É o que fazem, o que dizem, o que pensam, o que comem,...

Contudo, diante desse pequenino relato, me coloco também reflexivo, pois esse exemplo vem de um “adepto” dos terreiros espalhados no “por aí” de meu Deus... Mas e o que pensam os que se encontram dentro desses mesmos terreiros, como trabalhadores desses terreiros? Será que, ouvindo isso, se chocarão e entrarão em prece para que a pessoa desperte para a realidade? Ou será que, vendo essa pressão do “resolve meu caso”, não se deixa levar pela falta de senso comum e se permite a permitir que essa pessoa ouça o que ela quer? Daí, surgem as invencionices e as adivinhações baratas... E joga-se um mediunato fora.

Então, voltando ao início, enquanto os próprios umbandistas crerem que a religião professada é uma quitanda de quebra galhos, nós nunca conseguiremos sermos olhados como religião e religiosos. Vamos ouvir: “O quê, sacerdote umbandista? O que é isso? Só conheço Pai e Mãe de Santo!... lá no teu centro é assim”? Isso quando não nos chamam de seita... Ou palavrinha que me entristece, pois dá uma sensação de bruxaria, de feitiçaria, de fundo de porão, cozinhando asa de morcego e orelha de rato.

É como diz um Guia Espiritual do Templo: “Enquanto lutamos tanto para elevar o tônus vibratório – evangelizar e libertar – há um mercado paralelo dentro da religião que insiste em que cresçamos como rabo de cavalo... Para baixo”!

 E baseado nesse mercado paralelo penso, pois sou produto do meio (a diferença é buscarmos nos situar no meio certo desse meio), qual o motivo de sua existência? Preguiça? Vaidades? “Obtusismo”... Rs? Carências? Falta de estudo, doutrina? Ou será que também veem a Umbanda como uma enorme quitanda, pronta para preencher as dispensas quando falta açúcar, café ou leite?... Daí, vamos à quitanda! Será que pensam que os Mentores são os chamados “santos” que damos de comer e pronto, eles ou resolvem nossos problemas ou se acalmam, nessa ininterrupta barganha entre o mau e o mal.

Toda a beleza da Umbanda cai por terra quando vemos desorganização. Quando vemos indisciplina, quando vemos falta de estudo e doutrina. Quando vemos falta de religiosidade. A Umbanda é religião e não um mercado persa! A Umbanda é o Conjunto das Leis de Deus e não um conjunto de pagode! A Umbanda, como disse o Caboclo das 7 Encruzilhadas, “é a manifestação do espírito para a caridade” e não para trazer a pessoa amada em 1 hora e meia, muito menos dar emprego pra todo mundo.

Ouvirmos pessoas dizerem que vão à missa e a centros kardecistas para ouvirem palestras e se postam diante do guia para pedir, entristece a alma. Pensamos assim: “pobre pessoa perturbada...”! Desculpem-me, mas perturbados somos nós! Perturbados e comprometidos até os dentes perispirituais porque oferecemos, seja quem foi ou onde foi, em algum momento, um motivo para que essas pessoas pensassem que a Umbanda presta é para isso: resolução de problemas ou vermos se se tem “algo feito” ou obsessor. Talvez por isso que ouçamos pessoas dizerem para um Exu, que está ali exaustivamente tentando evangelizar a pessoa: “se o sr. me ajudar, vou rezar pro sr. ter luz e deixar de ser Exu”! ... O melhor de tudo foi o Exu rir e na Gira seguinte ele dizer para a mesma pessoa que a reza dela estava fraca, pois ele “continuava Exu”... Só fazendo graça mesmo, pois o que de graça recebemos, de graça, com gosto e amor devemos dar!

 A culpa é desses fiéis, desses neófitos da religação com Deus? Ou de quem os ensinou ou os viciou a serem assim, a procurarem as Casas Umbandistas atrás desses tipos de conchavo? E quem lhes viciou são que tipo de pessoas? São adeptos de quais religiões? Óbvio que aprenderam isso dentro dos nossos terreiros! E se aprenderam isso em nossos terreiros, pertencem aos nossos terreiros, são umbandistas (embora quando pense nisso, logo me lembre do Capitão Nascimento, de Tropa de Elite: “Nunca serão!”)! Mas, para fazerem isso, alguém, um dia, abriu um precedente, um favorecimento, uma permissividade, um clientelismo.

A Umbanda evangeliza, liberta, desinstala da ignorância, descongela as mentes submersas na obscuridade da ignorância,... Mas falta o umbandista “praticante” ter idéia do que é isso. Falta ele acreditar que a religião dele é uma religião e que ele não faz obrigação ou cumpre carma. Falta ele saber que tudo que se faz dentro de um Templo Umbandista é um ato de amor e, por conta disso, ele precisa estar amando e se amando, como Jesus nos ama... Óbvio, guardada as devidas proporções... Rs... Mas Ele é o modelo a ser seguido, por isso, proporções uma vírgula! Busquemos sim, viver no amor de Jesus e amar como Ele amaria. Se não dá... Tá distante de compreendê-lo, Paulo tá aí dizendo: “sede meus imitadores como eu sou do Cristo”.

Mas Paulo é Guia? Não é Caboclo, Preto Velho, Exu ou Criança, diria o “aficcionado” pela letra que mata, aproveitando também para matar o espírito que vivifica.

É, umbandistas, se ainda pensamos que nossos Caboclos são Pataxós, Xavantes ou Cherokees; ou que Pai Joaquim era aparentado do Zumbi dos Palmares; Malandrinho mora na Lapa; ou que Pedrinho da Praia é uma criança por que morreu afogado numa Colônia de Férias na praia do Leme... Estamos muito bem servidos de fantasias, superstições e crendices! E pior... O que ofereceremos para as pessoas que batem às nossas portas? Mentiras, vaidades e grilhões?

Vale lembrar de Jesus... Sempre: “a quem muito é dado, muito será cobrado”! ou seja, seremos chamados para prestarmos conta do que ensinamos, das libertações que auxiliamos Jesus a fazer, enfim... De toda a nossa colheita, afinal a semeadura é livre, mas a colheita é e será sempre obrigatória.

Ah, como seria bom se cada um de nós umbandistas conseguíssemos contrariar a estatística que André Luiz fez um dia, em sua literatura sobre os médiuns em geral, dizendo que o Umbral está repleto de médiuns fracassados! Fracassados por violarem seus compromissos de levar à humanidade a palavra libertadora e rediviva de Jesus.

Não, infelizmente ficam sedimentando na cabeça das pessoas que devemos morar em Nosso Lar, Lar de Celina, Aruanda e etc... Quando essas “localidades” devem ser, no peito do espírito arfante de crescer e ser liberto, locais de passagem apenas. Dure essa passagem o tempo que precisar, mas que não ousemos pensar nelas como tenda permanente. Seria pensar pequeno. E pequeno é tudo que Deus não é.

Aí, como o Apóstolo dos Gentios em sua Epístola a Timóteo, poderemos dizer aquelas tão lindas palavras, um cântico do dever cumprido e a Graça alcançada por essa Graça ter nos bastado ao longo da vida, quando morremos homens velhos e renascemos homens novos...

 ... “Combati o bom combate, encerrei minha carreira, guardei a fé... Só me resta agora receber a coroa da justiça! Do justo juiz, o Senhor Jesus”!
Ah, como quero poder dizer isso um dia... Eu, um foguinho...
 Saravá, Jesus!

Pai Julio (Pai Pequeno do T.E. Cruzeiro da Luz )

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Entendendo a Umbanda



Por incrível que possa parecer, aos olhos dos não iniciados no culto da Umbanda, não existe um consenso de quais são os sete Orixás básicos ou as sete linhas, ou até mesmo sobre quais são os Orixás da Umbanda. Mas para aqueles que já estão na Umbanda há algum tempo fica fácil compreender que a Umbanda não tem um codificador, não tem uma Bíblia, não tem um “Diretor de Culto” Supremo. A Umbanda sofreu e sofre incríveis influências regionais e até mesmo, numa mesma região, de terreiro para terreiro.

As diferenças de culto, ritualística e de maneiras de compreender a Umbanda devem ser encaradas como riqueza da nossa religião e não como falta de organização. Portanto, não háintenção de determinar ou decodificar a Umbanda. Entretanto, existem algumas premissas que, de certa forma, são consenso dentro da Umbanda, havendo pequenas variações que devem ser respeitadas.

Esta é a maneira como a compreendo e professo.

Características Principais da Umbanda

A Umbanda é um sistema religioso fundamentalmente naturista, isto é, se manifesta através das forças da natureza, assim como com espíritos contemporâneos, ou não, pesando expressivamente em seu exercício as vibrações das Almas.

A Umbanda possui muitas co-irmãs e as pessoas muitas vezes confundem-na com outras religiões que possuem nomenclaturas semelhantes às utilizadas na Umbanda, no entanto a semelhança é meramente aparente e termina aí.

O fato da Umbanda ter como uma de suas raízes a forte influência africanista e cultuar Orixás,gera muita confusão e sobressai a necessidade de apontar limites bem claros.

1. Trabalhamos exclusivamente visando o bem, a caridade e a evolução espiritual de todos.

2. Não temos “feituras de cabeça”, boris, raspagens, camarinhas, roncós, corpo fechado, ebós, orunkô, feitura de santo, bascos, firmo de nação, etc.

3. As sessões obedecem a horários pré-estabelecidos. Não vemos nenhum sentido em sessões madrugadas adentro. Por que não? Simplesmente por ser contraproducente, ninguém consegue manter a “gira firmada” por tanto tempo, as pessoas trabalham, ficam cansadas, e a falta de concentração, ou nível energético dos médiuns tende a cair drasticamente após 3 horas consecutivas de culto. Além do mais a própria assistência começa a ficar desacomodada, desconfortável, gerando vibrações de impaciência e falta de interesse. Tudo isso gera um desacordo energético que acaba por influenciar o bom andamento da gira. É claro que estamos nos referindo às giras ordinárias e não às festivas.

4. O abate de animais (sacrifício) não faz parte, em nenhum momento, de qualquer rito da Umbanda
(aberto ou fechado).

5. No que diz respeito a oferendas aos Orixás, guias, ou entidades menores, ressalto que sou contra o uso excessivo desse recurso como elemento de religação. A oferenda tem sua função específica e determinada. A banalização da mesma influencia negativamente no desenvolvimento do médium e na evolução do espírito (guia ou protetor) que a está recebendo. Aqui você pode estar perguntando como e porque o uso excessivo de oferenda pode atrapalhar a evolução de um espírito e/ou de um médium.

A resposta é simples e como em tudo há sempre dois lados a serem observados:

Na realidade desestimulamos tudo que seja excessivo. No caso das oferendas, existem consequências de ambos os lados, material e espiritual.

Do lado material:

a) O custo dos elementos da oferenda (muitas pessoas chegam a deixar de comer, ou até mesmo, permitem que falte alguma coisa dentro de sua casa para comprar os elementos da oferenda).

b) Estímulo a barganha espiritual, ou seja, o ofertante acredita que oferendando alguma coisa poderá obter privilégios junto a espiritualidade.

c) Estímulo a preguiça espiritual no sentido da evolução, ou seja, o ofertante começa a acreditar que a oferenda substitui o seu empenho em melhorar enquanto pessoa, geralmente com a famosa frase : “Eu cuido do meu santo, já arriei minhas coisinhas”.

Do lado espiritual:

a) Pela pessoa somente se interligar com a espiritualidade através da oferenda, as entidades receptoras começam a pedir cada vez mais oferendas com o intuito de estarem sempre próximas da pessoa, pois sabemos que para que haja aproximação da entidade é necessário que haja sintonia de pensamentos e sentimentos. Quando fazemos uma oferenda, geralmente elevamos a nossa faixa vibracional e nos harmonizamos com a entidade. Isso faz com que comece a haver uma espécie de “vício” ou “ciclo vicioso”, onde entidade e pessoa começam aprecisar da oferenda para se comunicarem.

b) Disso surgem pedidos cada vez mais frequentes impedindo a evolução da pessoa e da entidade que começa a ver na oferenda a única forma de contato com a pessoa ofertante. Quanto menos evoluída a entidade e mais apegado a matéria for o médium, mais ambos “precisarão” de oferendas.

Geralmente faço isso por ocasião do dia do Orixá ou entidade em forma de homenagem, pois como disse o nosso mentor, Pai Pery: “Amor, fé, estudo doutrinário e o desejo de fazer caridade desinteressada em retribuição, ofertadas com resignação e humildade”, assim nos dispomos a ser médiuns. E se dispor a ser médium não significa apenas entrar para a corrente de um terreiro e dar incorporação. Mas se colocar a disposição, a serviço da caridade. E sabemos muito bem que não há necessidade da incorporação para que isso ocorra, assim como sabemos também que arriar oferenda não é “cuidar do santo”.

Com tudo isso exposto, esclareço que o uso da oferenda como elemento de atração, religação ou ponto de fixação dependerá da orientação de cada dirigente umbandista. 

 Havendo a real necessidade, a oferenda deve ser feita em locais determinados, normalmente junto à natureza ou reinos apropriados. Lembrando sempre de deixar o local limpo como foi encontrado. Sou absolutamente contra, por exemplo, acender velas perto de árvores (risco de incêndio) ou numa pedra (sujeira da cera).

Nós umbandistas amamos a natureza e as suas energias, como podemos sujar os locais sagrados para nós? É no mínimo incoerente. E uma coisa que o umbandista não pode ser é incoerente.

A situação ideal é que todas as oferendas sejam feitas dentro do próprio terreiro em alguma parte destinada para esse fim.

6. A vestimenta básica do trabalhador de Umbanda é toda branca.

7. Não há, sob hipótese alguma, retribuições financeiras por trabalhos executados, consultas, ou o que quer que seja, e nada, absolutamente nada, justifica a cobrança de consulta, mesmo que seja um valor insignificante ou irrisório. Alguns chegam a dizer que é para ajudar na manutenção do Templo, mas afirmo que esta é uma responsabilidade do Dirigente e seu corpo mediúnico.

Existem inúmeras maneiras de se sustentar um terreiro sem que haja necessidade de se cobrar por nada que envolva o sagrado.

8. A ascensão ao sacerdócio na Umbanda se faz através do tempo, da propriedade individual, da constância e seriedade com que o médium se propõe à caridade. Objetivando auxiliar o médium nesta tarefa, são realizados determinados preceitos e obrigações, testes e avaliações. Mas fundamentalmente o trabalho, o tempo, a dedicação e o estudo são a firmeza do médium, pois não adianta fazer uma série de recolhimentos e preceitos se o médium não se entrega à funçãosacerdotal dentro e fora do terreiro, com responsabilidade e consciência de seu papel.

Fonte livro Umbanda - Mitos e Realidade
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