Obaluaê – Força da Natureza de Evolução
Evoluir significa crescer, aprimorar, lapidar, transformar, crescer
mentalmente, passar de um estágio a outro, ascender em uma linha de vida de
forma contínua e estável. Significa uma renovação contínua do ser, uma
reposição constante de valores, deixando para trás conhecimentos ultrapassados,
hábitos e costumes inadequados, atitudes e posturas velhas e decadentes.
Significa procurar continuamente o movimento e a estabilidade em nossas vidas.
Pai Obaluaê é o Orixá que desperta em cada um de nós a vontade irresistível de
seguir adiante, de alcançar um nível de vida superior, para chegar mais perto
de Deus. Ele é o Orixá do bem estar, da busca de melhores dias, de melhores
condições de vida, de sabedoria e de razão. A evolução
costuma ser representada por uma
espiral ascendente de progresso, por onde todos nós
caminhamos. Podemos, por vezes, ficar parados em algum lugar dessa espiral, o
que significa uma perda de tempo precioso. Podemos até escorregar para trás -
perda ainda maior de tempo e trabalho- mas, continuamos sempre. Não há como
escapar ao processo evolutivo. A evolução é uma situação pessoal. Ninguém
evolui no lugar do outro ou pelo outro. E o mais importante é que ninguém
evolui de forma isolada; ninguém evolui sozinho. O próprio universo é um
fantástico entrelaçamento de forças e formas. Todos nós temos em nosso interior
um potencial de incrível poder transformador e, junto da evolução pessoal,
devemos desenvolver ações amorosas e engrandecedoras, apoiadas no sentimento do
verdadeiro perdão. Precisamos eliminar os bloqueios que atrapalham nossa
evolução, dedicando diariamente alguns minutos, para perdoar as pessoas que, de
alguma forma, nos ofenderam, prejudicaram, rejeitaram, odiaram, abandonaram,
traíram, ridicularizaram, humilharam, amedrontaram, iludiram ou causaram
dificuldades. É necessário perdoar, especialmente, aqueles que nos provocaram,
até que perdêssemos a paciência e reagíssemos violentamente, sentindo, depois,
vergonha, remorso e culpa. Sabemos que, por várias vezes, fomos responsáveis
pelas agressões recebidas, pois confiamos em pessoas negativas e permitimos que
elas descarregassem sobre nós o seu mau caráter. Outras vezes, suportamos maus
tratos e humilhações, perdendo tempo e energia na inútil tentativa de conseguir
um bom relacionamento com elas. Devemos, também, pedir perdão a todas as
pessoas a quem, de alguma forma, consciente ou inconscientemente, ofendemos,
injuriamos, prejudicamos ou desagradamos. Só assim poderemos estar livres da
necessidade compulsiva de sofrer e conviver com indivíduos e ambientes
doentios. Vamos, a partir de agora, sob o amparo de nosso pai Obaluaê, iniciar
uma nova etapa de nossas vidas, em companhia de pessoas amigas, sadias e
competentes, compartilhando sentimentos nobres, enquanto trabalhamos pelo
progresso e evolução de todos.
Salve Pai Obaluaê, Orixá do perdão, da cura, das passagens e de todas as
transformações!
Obaluaê é o Orixá que atua na evolução dos seres. "Pai Olorum, que
tudo cria e tudo gera, criou as qualidades de estabilidade e
evolução. Sem estabilidade nada se sustenta e sem transmutação tudo fica
parado. A estabilidade proporciona o meio ideal para os seres viverem e na
mobilidade são gerados os recursos para que eles evoluam.
Pai Obaluaê é a divindade que representa essa qualidade dupla,
pois tanto sustenta cada coisa no seu lugar como conduz cada uma a ele. Ele
está no próprio Universo, na sustentação dos astros e no movimento da mecânica
celeste. Sua irradiação, aceleradora da vida, dos níveis e dos processos
genéticos, desperta nos seres a vontade de seguir em frente e evoluir. Obaluaê
é o Pai que, juntamente com Mãe Nanã, sinaliza as passagens de um estágio de
evolução a outro. Ambos são Orixás terra-água; têm magnetismo misto, pois na
terra está a estabilidade e na água a mobilidade. Enquanto Mãe Nanã decanta os
espíritos que irão reencarnar, Pai Obaluaê estabelece o cordão energético que
une o espírito ao corpo (feto) e reduz o corpo plasmático do espírito, até que
fique do tamanho do corpo carnal alojado no útero materno. Pai Obaluaê é o
"Senhor das Passagens" de um plano a outro, de uma dimensão a outra,
do espírito para a carne e vice-versa. É o Orixá da cura, do bem-estar e da
busca de melhores condições de vida. Na Umbanda, esse Pai é evocado como senhor
das almas, dos meios aceleradores de sua evolução. Quando um ser natural de
Obaluaê baixa num médium e gira no Templo, todos sentem uma serenidade e um bem
estar imenso, pois ele traz em si a estabilidade, a calmaria e a vontade de
avançar, de ir para mais perto de Deus. Esse Pai rege a linha das almas ou
corrente dos pretos velhos, que traz a natureza medicinal de Obaluaê, Orixá
curador. Muitos têm sido curados, após clamarem por sua interseção. Os pretos
velhos nos transmitem paz, confiança, esperança e bem-estar.Os pontos de forças
regidos por Pai Obaluaê, no acima, são os cemitérios ou campos santos, lugares
sagrados para os povos de todas as culturas. São os pontos de transição do
espírito, quando deixa a matéria e passa para o plano espiritual.
Fonte: Manual Doutrinário,
Ritualístico e Comportamental Umbandista Lurdes de Campos Vieira (Coord.) –
Madras Ed.
Hoje é dia de São Lázaro
Conhecidíssimo é o
nome deste Santo, de quem os santos Evangelhos relatam coisas extraordinárias,
das quais a mais estupenda é ele ter sido ressuscitado, por Nosso Senhor Jesus
Cristo, quatro dias depois da sua morte. Lázaro, natural de Betânia, era irmão
de Marta e Maria. Há quem pretenda identificar esta Maria com Maria Madalena,
ou aquela pecadora do que São Lucas (7, 36-50) conta o episódio havido na casa
de Simão fariseu, e o nome da qual ele não diz. Em capítulo 10, 38-39 o mesmo
Evangelista faz uma descrição minuciosa de uma cena na casa de Lázaro, mas não
faz menção daquela pecadora desconhecida. Justamente de São Lucas deve-se
supor, que conheceu ambas. Marcos e Mateus também relatam a unção dos pés de
Jesus por uma mulher na casa de Lázaro sem declarar-lhe o nome. São João, diz
claramente porém, que foi Maria, Irmã de Lázaro. A pecadora pública, que
apareceu na casa de Simão, parece, pois, ser pessoa bem diferente e nada ter
com a família de Lázaro. Maria Madalena também não pode ser, porque São Lucas,
depois de ter contado o fato havido com o fariseu, fala (em 8,2) em uma Maria
Madalena, da qual tinham saído 7 demônios. Maria Madalena parece ser pessoa
diferente ainda. Lázaro era estimadíssimo na sociedade hebréia, devido à nobre
origem e às grandes propriedades que possuía em Betânia. Não se sabe de quando
datam as suas relações mais íntimas com o divino Mestre. É provável que tenha
sido um dos primeiros discípulos. As expressões de que os Evangelistas se
servem, para caracterizar as relações de Lázaro com Jesus Cristo, não deixam
dúvida de que eram muito amigos. De outro modo não se compreenderiam as
palavras de Nosso Senhor: “Lázaro, nosso amigo, dorme” e das irmãs: “Senhor,
aquele a quem amais, está doente!” Jesus distinguia esta família com sua
amizade, visitava-a freqüentes vezes, e hospedava-se em sua casa. Os Santos
Padres descobrem o motivo desta amizade, que não foi outro senão o mesmo que
ligava Jesus a São João Evangelista: a vida santa e virginal.
O mais extraordinário
que aconteceu com Lázaro, foi sua morte e ressurreição, em condições tão
singulares. São João Evangelista relata este fato, com todos os pormenores, no
Cap. 11 do seu Evangelho. Eis a narração evangélica: “Lázaro, irmão de Maria e
Marta, caiu doente em Betânia. As duas irmãs mandaram dizer a Jesus: “Senhor,
aquele a quem amais está doente”. Jesus disse: “Esta doença não é de morte, mas
para glória de Deus: pois que o Filho será glorificado por ela”. E ficou ainda
dois dias lá, isto é, na margem do outro lado do Jordão. Foi só então, que
disse aos discípulos: “Lázaro, nosso amigo, dorme, vou despertá-lo do sono”. Os
discípulos disseram-lhe: “Senhor, se dorme, está bem”. Jesus, porém, falava da
morte e disse-lhes então claramente: “Lázaro morreu e eu me alegro por vossa
causa de não estar presente, a fim de que acrediteis. Vamos vê-lo!”
Quando Jesus chegou,
Lázaro estava sepultado, havia quatro dias. Logo que Marta soube da vinda de
Jesus, foi-lhe ao encontro e disse-lhe: “Senhor, se tivésseis estado aqui, meu
irmão não teria morrido. No entanto, sei que tudo que quiserdes pedir a Deus,
ele vô-lo concederá”. Jesus disse-lhe: “Teu irmão ressuscitará”. Maria
respondeu: “Sim, sei que ressuscitará na ressurreição do último dia”. Jesus
disse-lhe: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda mesmo morto,
viverá: e quem vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isso?” Ela
respondeu: “Sim, Senhor, creio que sois o Cristo, o Filho de Deus vivo, que
viestes a este mundo”. Dizendo estas palavras, Marta entrou e disse a Maria,
sua irmã: “O Mestre está cá e chama-te”. Maria levantou-se e pressurosa foi ao
encontro de Jesus. Os Judeus, que, com ela estavam em casa, disseram: “Ela vai
ao sepulcro para chorar”. Chegado perto de Jesus, prostrou-se-lhe aos pés e
disse-lhe: “Senhor, se tivésseis estado aqui, meu irmão não teria morrido”.
Quando Jesus lhe viu o pranto e o dos Judeus que a acompanhavam, perguntou:
“Onde o sepultastes?” Disseram-lhe: “Vinde e vede”. E Jesus chorou. Então os
Judeus disseram: “Vede, como o amava!” Jesus chegou em face do túmulo: era uma
gruta e uma pedra tapava a abertura. Jesus disse-lhes: “Tirai a pedra”. Marta,
a irmã do morto, disse-lhe: Senhor, já exala mau cheiro; pois já lá se vão
quatro dias, que está aí”. Jesus disse-lhe: “Não te disse já, que se creres,
verás a glória de Deus?” Tiraram a pedra. Jesus levantou os olhos ao céu e
disse: “Pai, dou-vos graças por me terdes escutado. Quanto a mim, sabia, que me
ouves sempre; mas digo-o por causa da multidão que me cerca, a fim de que creia
que sois vós, que me haveis enviado”. Depois de ter assim falado, bradou com
voz forte: “Lázaro sai para fora” No mesmo instante o morto saiu, pés e mãos
atadas com faixas estreitas, o rosto coberto de um sudário. Jesus disse-lhes:
“Desatai-o e deixai-o andar.”
Temor e admiração
apoderaram-se dos assistentes e muitos creram em Jesus. A notícia deste milagre
estupendo correu de boca em boca e formou duas correntes entre os Judeus: de
uns, que francamente reconheceram a divindade de Jesus Cristo, e de outros,
principalmente dos fariseus e escribas, que ainda mais se encheram de ódio
contra aquele, cuja morte já tinham decretado, ódio igual votaram a Lázaro.
Tendo levado a efeito o plano tenebroso contra a vida do grande Mestre,
trataram também de livrar-se do amigo do mesmo, cuja presença os incomodava, e
por ser uma testemunha irrefutável do poder onipotente de Jesus Cristo.
Faltava-lhes a coragem de condená-lo à morte, porque Lázaro era estimadíssimo e
de grande influência no meio social de Jerusalém. Ocasião propícia ofereceu-se
para afastá-lo da Judéia, quando, depois da morte de Santo Estevão, uma
perseguição obrigou os cristãos a saírem da Palestina, assim diz a lenda. Do
resto da vida de Lázaro nada se sabe. Ter ele saído da Palestina e chegado a
Marseille, onde teria como Bispo, pregado o Evangelho, é lenda que apareceu nos
séculos 11 e 12, e que confunde Lázaro de Betânia com um personagem do mesmo
nome e Bispo de Aix; ou com Nazário, Bispo de Autun. Mais fidedignos são os
testemunhos orientais, que falam do túmulo de Lázaro existente em Cition, na
ilha de Chipre.
>>> REFLEXÕES
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“Senhor, quem vós
amais, está doente”, diziam as irmãs a Jesus Cristo. Nosso Senhor mesmo chama-o
amigo. “Lázaro, nosso amigo dorme”. Com que e como mereceu Lázaro a amizade de
Jesus Cristo? Segundo a opinião de muitos Santos Padres, foi a vida pura a
causa do afeto, que lhe tinha Nosso Senhor. “Quem ama a pureza do coração...
terá o Rei por amigo”, (Pr 22,11), dizia o Espírito Santo, já no Antigo
Testamento. — De quem és amigo: de Cristo ou de Lúcifer? a resposta só teu
coração dará conforme for puro eu se desprezar a pureza. “Não há manjar mais
saboroso para o demônio — diz Santo Ambrósio, que o corpo e a alma do impuro.”
Eusébio Emisseno, tratando deste assunto e referindo-se à palavra do filho
pródigo, que desejava matar à fome com as bolotas atiradas aos porcos, escreve:
“Os porcos são os maus espíritos, que se sentem bem no meio da podridão e na
lama dos vícios. Os guardas dos porcos são aqueles que lhes dão tudo que
desejam. As impurezas, as obscenidades são as bolotas, com que os espíritos se
satisfazem. É com as bolotas que os pecadores querem matar a fome; e quanto
mais consomem, mais fome sentem; quanto mais pecam, mais querem pecar. De quem
és, pois, amigo: de Cristo ou de Lúcifer?