Acostumado que estava
a tudo resolver com dinheiro, um dia Raul se viu às tontas com um processo
judicial, acusado de assédio sexual e estupro por sua ex-secretária. Contratou
o melhor advogado da cidade que cobrava o preço de um boi, por um bife apenas,
mas como, para ele dinheiro não era problema...
A moça que sempre
fora humilhada pelo patrão e demitida sem culpa, acusada de roubo, para poder
justificar falcatruas do mesmo, revoltou-se e resolveu achar provas falsas para
se vingar.
Chegado o dia do
julgamento, Raul foi condenado, pois as provas foram bem elaboradas e
convincentes. Embora pudesse recorrer da sentença, ele enlouqueceu e
aconselhado por um amigo, foi ter num Templo de Umbanda, onde buscaria, através
de macumba, a solução do problema e mais, queria mesmo acabar com a vida
daquela moça que ousara desafiá-lo.
Em frente ao Caboclo,
ele desfilou seu rosário e até fez verter algumas falsas lágrimas:
-Preciso de um
trabalho forte, pois sou inocente. Nunca encostei um dedo naquela moça, até
porque ela é feia demais para os meus padrões. Estou sendo injustiçado.
O Caboclo de Ogum que
o atendia, vendo através da cor de sua aura a inferioridade espiritual daquela
criatura, bem como as companhias que o assessoravam no lado energético,
perguntou:
-Se o senhor se acha
injustiçado, por acaso saberia me dizer se na sua vida diária, age com justiça?
-Lógico. Eu sou um
homem de bem - Falou isso, mas estremeceu diante da pergunta
-E acaso, sua
consciência não tem nada a lhe acusar, não nesse caso do qual é inocente mesmo,
mas nos outros tantos que ao longo de sua vida vem desenrolando sempre do jeito
mais fácil? – voltou a inquirir o caboclo. E continuou:
-Filho de Deus, a
justiça dos homens pode ser falha, mas existem leis que agem no Universo e pode
tardar, mas sempre conduzirão os homens à retidão. Não se planta ventos sem
colher tempestades. Reveja seus atos e entenda porque alguém usou a mesma
espada de que foi ferida, para lhe ferir. Ela não está agindo corretamente, mas
como os semelhantes se atraem, as leis imutáveis usaram de sua falta de
caráter, para atingi-lo e isso está sendo usado para que possa acordar enquanto
é tempo e mudar o rumo de suas atitudes.
-Como o senhor pode
me acusar se não me conhece? Sabia que posso abrir um processo por difamação...
-Sei. Tanto sei que
estou lhe falando de leis. Sabe filho, quem está aqui lhe aconselhando através
deste médium, que é pessoa humilde e semi-analfabeto, é um espírito que errou
muito quando encarnado. Errou tanto que precisou da força da lei para lhe
frear. Embora letrado nas leis, era injusto, ladrão, medíocre, desrespeitava as
leis e a sociedade. A dor veio várias vezes como aviso até que uma condenação
por algo injusto me fez terminar os dias num cárcere. Desencarnado, ainda a lei
me levou a refletir e passei por maus momentos, até que acordei.
E revi tudo que havia
aprendido e mal usado. Fui para as escolas de reaprendizagem no mundo astral e
me comprometi em trabalhar de forma humilde, junto aos humildes e nesta
egrégora de Ogum, onde a Lei é a tônica.
Aqui do outro lado da
matéria, exercemos a lei de forma justa e imutável, pois não temos mais a
matéria para acobertar nossos atos. Por isso, filho de Deus, acorda enquanto é
tempo e não desafia mais a lei.
-Vim aqui para
resolver meu caso e não para escutar conselhos idiotas, pois estes eu tive na
faculdade daqueles professores medíocres e pobres. Fica aí com suas diretrizes
que eu vou é procurar quem me ajude de verdade, pois tenho muito dinheiro para
pagar por isso.
-Vai filho, procura
seu caminho, mas não esqueça que a liberdade exige de nós, responsabilidade. As
leis de Deus são justas e ignoram o poder monetário dos homens.
Saiu dali, procurou e
achou quem lhe fizesse a macumba. Alguém que como ele, estava tão endividado
com a Lei Universal, que o atraiu por magnetismo. Coisa que de nada mais
adiantou, pois ele já estava emaranhado nas malhas da Lei. Foi condenado em
última instância e teve bom tempo para refletir dentro do cárcere, no quanto
foi fácil ganhar dinheiro injusto e na rapidez com o perdeu tentando se
defender.
O conselho dos guias
é dado, mas não existe insistência. O aprendizado sempre se dará por vontade
própria. Como bem falou Jesus:
-“Não se jogam
pérolas aos porcos!”
Inspirado
por um Caboclo de Ogum.
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