Duas afirmativas nos chamam à reflexão:
1. Renovação de atitudes...
Um jovem foi ao médico, queixando-se de dores
abdominais. Tendo sido atendido pelo médico, este atencioso, realizou exames,
fez entrevistas, e ao final chegou ao diagnóstico: Cirrose hepática, doença do
fígado por ingestão de bebida alcoólica. Enfermidade conhecida e facilmente
tratável, receitou um tratamento, onde o paciente deveria tomar uma medicação,
fazer caminhadas diárias, ao final da caminhada realizar algumas ginásticas. O
paciente saiu satisfeito, pois veria-se livre de suas dores. Ao final de um
mês, retornou novamente o paciente ao consultório médico, onde o doutor o
atendeu solícito.
Há doutor! O tratamento não deu resultado, pois continuo
a sentir dores. O profissional estranhou, pois tinha confiança em seu
diagnóstico, mas voltou a examiná-lo.
- O senhor tomou o remédio que lhe receitei? Sim
senhor doutor, certinho, três vezes ao dia!
- O senhor fez as caminhadas para melhorar a
circulação? Cinco quilômetros todos os dias doutor!
- O senhor fez as ginásticas como recomendado? Uma
hora diária após as caminhadas doutor!
- O senhor parou de beber? Não doutor... doutor
continua doendo...
A medicina terrena trata das enfermidades do corpo
físico, o Espiritismo trata das enfermidades do espírito (estando ele encarnado
ou não). O médico nos escuta, analisa, faz exames e nos recomenda um
tratamento. A Casa Espírita, nos escuta, analisa, consola, e também nos
recomenda mudanças de atitudes; mas esta vai mais além em nosso benefício, pois
nos fornece o passe magnético, a água fluidificada e em alguns casos
tratamentos de desobssessões.
Mas assim como no caso do paciente enfermo, se
quisermos melhorar, cumpre que façamos a nossa parte mudando as nossas
tendências negativas, ou ficaremos indefinidamente tomando remédios, realizando
caminhadas, fazendo ginásticas, recebendo passes, tomando água fluidificada...
Emmanuel, em uma de suas mensagens no diz: “O
pastor conduz o seu rebanho, mas são as ovelhas que andam com as próprias
pernas”.
2. Felicidade relativa... (Em virtude da
afirmativa de Jesus – “A felicidade não é deste mundo” Bíblia/Eclesiastes,
Evangelho Segundo o Espiritismo/ Capítulo V, item 20).
Analisando esta afirmativa do Cristo apenas pela
letra que mata e não pelo espírito que vivifica, muitos apressados, inimigos do
estudo e cultores do negativismo atribuem que estamos na Terra para sofrer, que
este é um vale de lágrimas, aqui só há dores e aflições, etc. Semelhantes afirmativas
são no mínimo equivocadas e inconseqüentes, pois espalham o desânimo,
pessimismo, descrença, resignação incondicional. A nossa razão nos mostra que
podemos e temos momentos felizes mesmo no estágio evolutivo em que nos
encontramos, pois quem não fica feliz com um casamento? O nascimento do
primeiro filho? Uma formatura? O primeiro emprego? No aniversário, receber
aquele presente tão esperado? Jesus, profundo conhecedor, não iria contrariar
as Leis Naturais, negando estes fatos. Ele se referia tão somente à felicidade
plena, que é atributo apenas dos Mundos Felizes e Angélicos.
Sabemos então que para evoluirmos espiritualmente
temos que realizar a nossa Reforma Íntima, mas algumas perguntas nos assaltam:
· O que é Reforma Íntima? Ela deve ser compreendida
como a chave mestra para o sucesso de sua melhora interior e, conseqüentemente,
da sua felicidade exterior.
· Para que serve? Renovar as esperanças
interiores tendo por meta o fortalecimento da fé, a solidificação do amor, a
incessante busca do perdão, o cultivo dos sentimentos positivos e a finalização
no aperfeiçoamento do ser.
· O que fazer? Realizar atos isolados, no
dia-a-dia levando-nos a melhorar as nossas atitudes, alterando para melhor a nossa
conduta aproximando-a tanto quanto possível do ideal cristão.
· Por onde começar? Pela autocrítica.
· Como fazer a reforma íntima? Bem ..... (Cairbar
Schutel – “Fundamentos da Reforma Íntima” Abel Glaser).
Embora uma linha de pensadores espíritas entenda
que os meios de o conseguir é obra e esforço de cada um, as obras literárias
estão repletas de indícios e dicas.
Em “O Livro dos Espíritos” no capítulo Conhecimento
de si mesmo, à pergunta 919, Allan Kardec questiona aos Espíritos:
- Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem
de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
“Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a
ti mesmo.”
Allan Kardec, profundo conhecedor das deficiências
humanas, investiga mais a fundo no desdobramento da questão acima.
(919a) - Conhecemos toda a sabedoria desta máxima,
porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o
meio de consegui-lo?
“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao
fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e
perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo
para de mim se queixar... (SANTO AGOSTINHO). (O Livro dos Espíritos - Allan
Kardec)
Parece resultar daí que o conhecimento de si mesmo
é, a chave do progresso individual. (esta é uma
tarefa que compete a cada um individualmente).
Ocorre-nos lembrar de Benjamin Franklin,
Estadista, escritor e inventor norte americano (inventor do para-raio, Boston
17-01-1706 - Filadélfia 17-04-1790).
Benjamin Franklin era um tipógrafo na Filadélfia
homem fracassado e cheio de dívidas, achava que tinha aptidões comuns mas
acreditava que seria capaz de adquirir os princípios básicos de viver com
êxito, se pudesse apenas encontrar o método certo. Método este encontrado e
relatado em seu livro a “Autobiografia de Benjamin Franklin” (1771-1788).
Benjamin Franklin, em sua juventude era um homem
de muita inteligência e perspicácia, apesar de ter estudado apenas até o
segundo ano primário. Era hávido por conhecimento e lia muito, estudava e
escrevia ensaios e poesias. Estudava sobre tudo que lhe interessava,
principalmente sobre os grandes vultos da história de todos os tempos. Por isso
mesmo tinha uma grande cultura e um conceito moral muito rígido, e cobrava-se
muito, bem como, cobrava aos outros a mais correta e ilibada conduta. Em suas
reuniões sociais, tecia críticas francas e ácidas sobre todos os deslizes de
seus colegas, sentindo um prazer mórbido em derrotar verbalmente aos seus
oponentes, fato que ao longo do tempo foi deixando-o só e isolado nas reuniões
a que eram “obrigados” a convidá-lo pelo seu cargo político.
Sentindo o peso deste isolamento, em conversa com
um amigo muito chegado, comentou esta aversão das pessoas de seu convívio.
Tendo sido localizada a causa deste sentimento de
aversão, com uma tenacidade que só as almas valorosas possuem, empreendeu luta
acirrada ao combate às suas imperfeições.
Mas por mais que se esforçasse, controlava uma
imperfeição mas caía invariavelmente em outra, quando esta outra recebia a sua
atenção novo deslize fazia-o tropeçar, e a situação não avançava. Era como se
estivesse tentando reter água com as mãos que, não obstante, escorria por entre
seus dedos.
O isolamento continuava e até acentuava-se.
Lembrando-se das habilidades bélicas de Napoleão
Bonaparte, que adotava a estratégia de “dividir para vencer”, de espírito
inventivo, Franklin imaginou um método tão simples, porém tão prático, que
qualquer pessoa poderia empregá-lo.
Franklin escolheu treze princípios que julgava ser
necessário ou desejável aprender e procurar praticar. Escreveu-os em pequenos
pedaços de cartolina, com breve resumo do assunto, e dedicou uma semana da mais
rigorosa atenção a cada um desses princípios separadamente. Desse modo, pode
percorrer a lista toda em treze semanas, e repetir o processo quatro vezes por
ano.
Quando passava ao princípio seguinte não esquecia
os anteriores, e cada vez que se pegava em falha, fazia uma pequena marca no
verso do cartão, assim no retorno àquele princípio dedicava maior atenção e
esforço.
Manteve em segredo o que estava fazendo, pois
receava que os outros se rissem dele. (é triste constatar que até aos dias de
hoje nos vangloriamos de atos incorretos, falcatruas, engodos, vícios que
cometemos, mas temos vergonha de admitirmos que estamos tentando melhorar
praticando alguma virtude).
Ao fim de um ano Franklin havia completado quatro
cursos, e constatou que já buscava com naturalidade o controle de suas falhas,
apesar de estar longe de dominar com perfeição qualquer daqueles princípios.
Este procedimento deu tão certo que Franklin
utilizou-o ao longo de toda a sua vida, embora mudando os princípios uma vez já
tendo controlado aquela deficiência combatida.
Os treze princípios de Benjamin Franklin eram:
(Autobiografia de Benjamin
Franklin): (tais como escreveu e na ordem que lhes deu)
1. Temperança – Não coma até o embotamento;
não beba até a exaltação.
2. Silêncio – Não fale sem
proveito para os outros ou para si mesmo; evite a conversação fútil.
3. Ordem- Tenha um lugar para
cada coisa; que cada parte do trabalho tenha seu tempo certo.
4. Resolução – Resolva executar
aquilo que deve; execute sem falta o que resolve.
5. Frugalidade – Não faça
despesa sem proveito para os outros ou para si mesmo; ou seja nada desperdice.
6. Diligência – Não perca
tempo; esteja sempre ocupado em algo útil; dispense toda atividade
desnecessária.
7. Sinceridade – Não use de
artifícios enganosos; pense de maneira reta e justa, e, quando falar, fale de
acordo.
8. Justiça – A ninguém
prejudique por mau juízo, ou pela omissão de benefícios que são dever.
9. Moderação – Evite extremos;
não nutra ressentimentos por injúrias recebidas tanto quanto julga que o
merecem.
10. Asseio – Não tolere falta de asseio no
corpo, no vestuário, ou na habitação.
11. Tranqüilidade – Não se
perturbe por coisas triviais, acidentes comuns ou inevitáveis.
12. Castidade – Evite a prática
sexual sem ser para a saúde ou procriação; nunca chegue ao abuso que o
enfraqueça, nem prejudique a sua própria saúde, ou a paz de espírito ou
reputação de outrem.
13. Humildade – Imite Jesus e
Sócrates.
A quantos desejarem experimentá-lo, sugere-se
analisarem-se, buscando aquelas deficiências mais comuns e corriqueiras, que
sabemos possuir, ou as qualidades que não temos mas que gostaríamos de ter,
adaptando o método às necessidades e interesses de cada um. Ao alcançar uma
conquista, alterar a meta, buscando por outra, que vão surgindo ao longo do
tempo, mas cuidando sempre para que não incorram em recaída.
Este não é o primeiro e nem será o último método
inventado, que visa à melhoria das pessoas através da reforma íntima, mas com
certeza, nos aponta mais uma alternativa palpável e simples, que está ao
alcance de quantos tiverem a coragem e a vontade firme de empreender esta luta
íntima na escalada evolutiva.
Não é um caminho fácil. Não existe caminho fácil.
Mas é um caminho seguro.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no
capítulo XVII, SEDE PERFEITOS, Allan Kardec escreveu:
“Reconhece-se o verdadeiro Espírita pela sua
transformação moral, e pelos esforços que emprega para domar as suas más
inclinações”.
Na Bíblia em “O Novo Testamento”, Tiago em suas
epístolas nos adverte: “Fé sem obras é estéril”.
Que Jesus nos ilumine e guie.
Muita Paz.
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